ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL

 

IMORTALIDADE

* Mário Carabajal

Os seres, sem uma profunda reflexão, podem incorrer em equívocos em relação a materialidade e realidade dos sonhos. Muitos, até mesmo, considerando-os utópicos e abstratos. Em toda palestra, pronunciamento ou discurso, insisto sempre em fazer referência aos sonhos, como aquilo que demais concreto os seres possuem. Toda e qualquer realidade, a priori, sempre passa pelo estágio dos sonhos. Sem os quais, nenhuma realidade é modificada ou construída.

Coloquemos 'Palavra’ em sua máxima filosófica e poética. Logo, ao poeta, poetisa e pensador, em prosa, verso e ficção, mesmo o impossível faz-se possível. Daí, o 'sonho' de 'realidade onírica', onde 'os sentidos são mantidos ativos' e os limites e convenções são também relaxados e ultrapassados.  Razão pela qual afirmamos a necessidade de acreditar-se na menor fagulha de nossos pensamentos, por serem estes àquilo que demais concreto os seres possuem. Só assim, oferecendo à Humanidade, possibilidades evolutivas concretas, iniciando-se, sempre, em bons sonhos e pensamentos construtivos, de harmonia e paz ...”Complexo certamente! Mas nunca impossível".

O impossível, se precipitado em um plano 'mentefilosófica', em tese, conquistará possibilidade implementatória. Sempre, complexa, mas nunca impossível. Sobretudo aos poetas, poetisas e demais pensadores. Maiores profusores da 'liberdade' dos Seres e de seus anseios e desejos. Contemplando e contextualizando-se, tais 'venturas' em particular, no amor.

Não obstante, aos pensadores, mister faz-se a distinção entre a realidade poética e àquela de vívidas experiências, para não amargarem o dissabor da exclusão em suas respectivas contemporaneidades. Isto, para suas inclusões em um mundo que exige ações concretas e integradas aos sistemas aos quais se encontram inseridos.

A liberdade poética, em grosso modo ou análise comparativa física, funcionaria como um ‘cheque’ sobre o qual, todo valor pode ser subscrito, sem, contudo, conter os fundos a sua compensação quando de sua confrontação com a realidade de seu saldo, contextualizando-se divergente à intenção meramente figurativa.

Muitos sonhos ou realidades poéticas e produções lítero/fictícias, contam com interseções com a plena realidade de seu tempo, ou, na análise figurativa, com saldo, por compreenderem-se na mais estrita relação meio/significado. Quando o poeta, pensador e aqui também o cientista, sem ultrapassar convenções, utiliza-se de figuras e máximas vocabulares à construção e reconstrução de realidades. Contudo existem àqueles pensadores que dão vasão, através da literatura de rimas, contos, romances e demais vertentes, à anseios e necessidades acima dos pressupostos socio-convencionais, ou mesmo, colocam a figura vocabular em planos metafísicos muito distantes. Exigindo ao leitor, capacidade interpretativa e assimilação em cumplicidade fictícia. Depositando, autor e leitor, ao objeto, significado simbólico, ao ponto de oferecerem-lhe materialidade, forma e sentido. Podendo, até mesmo, tais concepções abstratas, por força conjuntural arbitral ou opcional, individual ou coletiva, pela excelência de suas máximas axionais propositivas, conquistarem o status de conceito, passando estes, a influenciarem e ou, mesmo, balizarem condutas, precipitando-se, por fim, na realidade humana e social.

O ‘Pensamento Creacional’, por assim dizer, provoca, em suas extensões, consequentes mudanças de hábitos e ações, em franca cadeia evolucional. Contexto no qual, atribui-se, aos pensadores, e em especial a este todo ‘líterocreacional’ e ‘líterorearanjacional’ a máxima de Imortalidade, por fazerem-se, em suas épocas, pontífices e arautos às futuras gerações. Conscientes que àqueles que mais sonham em suas épocas, mais tijolos colocam na construção das realidades futuras.

Mister entretanto, na conjuntura supra, consciência consequente de o sonho ‘creativo’, quando muito distante da realidade presente, exigirá de seus precursores e preceptores, maior equilíbrio assimilativo da natural força reativa confrontiva mente/realidade.

Não obstante, a mente do Livre Pensador e encontrar-se-á em plano e frequências cíclicas, oníricas/reais creacionais, enquanto, a realidade físico/humana e conjuntural do pensador, poderá, salvo seu pleno equilíbrio e discernimento, ponderação e competência psico-conducional do processo, arrastá-lo à experiências de degradação, confusão, demências e total aniquilação econômica e social. Logo, ao livre pensador ‘filósofocreacional’ exige-se, como nas demais áreas e segmentos ‘coexistenciais’, organização, preparo e objetivos. Sobretudo, discernimento e equilíbrio psicofísico. O que resume-se em calma e tranquilidade, sono, alimentação equilibrada e líquidos, acompanhados de lazer e prática diária de exercícios físicos (Mário Carabajal).

* Professor, Jornalista e Psicanalista. Especialista em Pesquisa Científica, Mestre em Relações Educacionais, Doutor em Ciências Educacionais. 24 livros publicados. Presidente Fundador da Academia de Letras do Brasil (www.academialetrasbrasil.org.br). E-mail: carabajalopes@gmail.com