ACADEMIA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE CLÍNICA

Mantenedora: ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL

Apresentamos com satisfação à Comunidade Científica Internacional, os estudos e pesquisas do Escritor e pesquisador Pablo Casso. O nobre pesquisador encontra-se em processo de diplomação pela ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL e ACADEMIA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE CLÍNICA. (Mário Carabajal).

Teoria da Mente Humana: noções básicas

Theory of the Mind Human: basic notions

Autor: Pablo Casso*

* Psicanalista, Escritor e Pesquisador, aluno do curso de Jornalismo da Universidade
Presidente Antônio Carlos – UNIPAC.


RESUMO

A Teoria da Mente Humana (TMH) é um estudo que descreve o processo cognitivo dos
seres humanos, relatando as estruturas mentais responsáveis pelo pensamento. O trabalho
acredita que a mente dos seres humanos está localizada no cérebro, o Sistema Límbico.
A teoria que foi formulada por Pablo Casso busca explicar a formação do pensamento
humano e o funcionamento da mente. Partindo desta premissa, a TMH analisa os
comportamentos humanos e descreve processos que são utilizados pela mente. Cada parte
foi explicada detalhadamente na Teoria da Mente Humana, que aborda o caminho
percorrido pelo autor para se chegar a esta descoberta, além de fornecer conhecimento
para analisar o comportamento das pessoas e os distúrbios mentais.

Palavras-chave: mente humana; pensamento; comportamento humano;


ABSTRACT
The Theory of the Human Mind (TMH) it is a study that describes the human beings'
cognitive process, telling the responsible mental structures for the thought. The
work believes that the human beings' mind is located in the brain, the Limbic
System. The theory that was formulated by Pablo Casso search to explain the
formation of the human thought and the operation of the mind. Leaving of this
premise, TMH analyzes the human behaviors and it describes processes that are used
by the mind. Each part was explained in full detail in the Theory of the Human Mind,
that it approaches the road traveled by the author for the to arrive this
discovered, besides supplying knowledge to analyze the behavior of the people and
the mental disturbances.

Key words: human mind; thought; human behavior


A Teoria da Mente Humana (TMH) é uma pesquisa que descreve o processo cognitivo
responsável pelo pensamento humano: o hipocampo e a amígdala recebem dos nervos
aferentes as informações sensitivas e as identificam de acordo com os respectivos
dados da memória qualitativa (hipocampo): presente na área temporal e occipital, que
envolvem informações e imagens (significados e conteúdos); além dos dados da memória
emocional (amígdala): presente na área do córtex pré-frontal. Depois de evocar as
informações referentes à sensação, os dados são associados para formar uma mensagem
que poderá estimular de forma inconsciente e/ou consciente a região do hipotálamo
(resposta emocional), subtálamo, epitálamo e tálamo, este fornecerá estímulos para o
cérebro, promovendo a ativação de áreas cerebrais correspondente à função desejada,
exercendo a vontade expressa através do pensamento. Estes estímulos são conduzidos
até o cerebelo que irá coordenar e comparar estas ações cerebrais com os dados de
sua memória e irá repassar a ordem dos estímulos de uma forma equilibrada e precisa
para exercer a ação. Os estímulos retornam ao cérebro e depois se dirigem às áreas
talâmicas que fornecerão os estímulos para a medula e as áreas endócrinas, que
produzirão as funções no corpo ao inibir ou estimular os músculos e órgãos.

A TMH acredita ter descoberto a localização e o funcionamento da mente humana,
podendo identificar os mecanismos mentais para a construção do pensamento, revelando
o processo cognitivo do ser humano. O estudo de Pablo Casso parte da hipótese que a
mente dos seres humanos localiza-se no cérebro, o Sistema Límbico.

A mente humana são os mecanismos executados pelas pessoas para identificar,
armazenar e associar informações, imaginar, e gerar o pensamento que poderá exercer
uma conexão com o cérebro, desenvolvendo-o e realizando atitudes.
A teoria de que o cérebro serviria no funcionamento cognitivo teve origem com
Empédocles (430 a.C.) e foi defendida por Hipócrates (376 a.C.). Platão (347 a.C.),
através da teoria da “alma tripartida”, defendia a idéia de que o cérebro seria
responsável pela razão (Kolb & Whishaw, 1986). 1
Paul Broca, em 1877, 2,17 descreveu o “grande lobo límbico” como sendo constituído
pelos giros do cíngulo e parahipocampal, e a “fissura límbica” como sendo
constituída pelos sulcos atualmente denominados sulco do cíngulo, sulco subparietal
e sulco colateral, tendo adotado o termo límbico em função do seu significado (do
latim “Limbus”: orla, anel, em torno de), uma vez que essas estruturas, presentes em
todos os mamíferos, se situam em torno do topo do tronco encefálico. 11

A Teoria da Mente Humana (TMH) estuda as relações das estruturas do Sistema Límbico
com o comportamento humano, identificando os pensamentos, responsáveis por estimular
o cérebro para ativar as funções que promovem as reações ao meio interno e/ou
externo.

No Sistema Límbico as áreas do diencéfalo, telencéfalo e mesencéfalo estão
integradas estrutural e funcionalmente. 5

FIGURA A: 30 A TMH acredita que as estruturas límbicas são responsáveis pela
formação do pensamento humano.


Com o desenvolvimento das novas técnicas especializadas em neurofisiologia e em
neuroimagem vem-se aumentando o interesse no Sistema Límbico, na busca do
entendimento a respeito de suas estruturas e conexões. Contudo, sabe-se com base em
diferentes resultados que as áreas e conexões deste sistema estão envolvidas com o
controle motivacional, a memória e a cognição. 31

As estruturas límbicas se dispõem circularmente em torno do tálamo, com as áreas
corticais em topografia extra-ventricular e com as demais estruturas intimamente
relacionadas com as paredes do ventrículo lateral (VL) e o III ventrículo (IIIv). O
giro do cíngulo (GCi) se dispõe superiormente ao corpo caloso, e continua
póstero-inferiormente com o giro parahipocampal (GPH) através do istmo do giro do
cíngulo (Ist). A porção mais anterior da fissura calcarina (FCa), que separa o istmo
do giro do cíngulo (GCi) do giro lingual (GLi), delimita a transição entre o istmo
(Ist) e o giro parahipocampal (GPH). As proeminências do unco do giro parahipocampal
(Un) são constituídas pelos giros semilunar e ambiens, separados pelo sulco
semilunar. Na região subcalosa anterior, o giro paraolfatório (GPaOlf) e o giro
paraterminal (GPaTe), situados anteriormente à comissura anterior (ComAnt), abrigam
os núcleos septais e, anteriormente a estes, dispõe-se o pólo do cíngulo (PoCi) -
que corresponde a uma prega de conexão sistematicamente existente entre o giro do
cíngulo (GCi) e o giro reto (GRe). O núcleo caudado (NCa) se dispõe em forma de C em
torno do tálamo (Ta), com a sua cauda terminando ínfero-anteriormente adjacentemente
à amígdala. A estria terminal (StrTe) se dispõe circularmente entre o núcleo caudado
(NCa) e o tálamo (Ta), e termina anteriormente no núcleo da estria terminal que se
situa na base da cabeça do núcleo caudado (NCa). O fórnix - constituído pela sua
fímbria, crura (CruFo), corpo (CorpFo) e coluna (ColFo) – dispõe-se em torno do
tálamo (Ta) mais internamente e se projeta no corpo mamilar (CoMa) ipsolateral. A
fissura corióidea (FCor) corresponde à fissura existente entre o fórnix e o tálamo
(Ta), com o forame interventricular de Monro (FM) correspondendo a uma ampliação da
fissura corióidea (FCor) decorrente do destacamento da coluna do fórnix (ColFo), que
então penetra no hipotálamo em direção ao corpo mamilar (CoMa). O sulco hipotalâmico
(SHipot), que se dispõe entre o forame de Monro (FM) e o aqueduto cerebral (Aq),
delimita a transição entre o tálamo (Ta) e o hipotálamo, e o trato mamilo-talâmico
conecta o corpo mamilar (CoMa) com os núcleos talâmicos anteriores. A comissura
posterior (CoPost) corresponde ao bordo superior da abertura do aqueduto (Aq) do
mesencéfalo (Me) e a aderência inter-talâmica (AdTa) une os dois tálamos. A estria
medular (StrMed), que se destaca na parede talâmica do III ventrículo (IIIv),
conecta núcleos talâmicos e hipotalâmicos com a habênula (Hab). A glândula pineal
(Pi), já posterior ao III ventrículo (IIIv), se prende à comissura que une as duas
habênulas através de um braço superior, e à comissura posterior (CoPost) através de
um braço inferior; entre esses dois braços, dispõe-se o recesso pineal do III
ventrículo (IIIv). Entre a comissura anterior (ComAnt) e o quiasma óptico (QOp) se
dispõe a lâmina terminal (LaTerm), que constitui a parede anterior do III ventrículo
(IIIv). 11

O sistema límbico tem como estruturas principais os giros corticais, os núcleos de
substância cinzenta e tratos de substância branca dispostos nas superfícies mediais
de ambos os hemisférios e em torno do III ventrículo que, funcionalmente, se
relacionam com os instintos, emoções e memória (MacLean PD, 1990; Finger S, 1994). 3

A TMH analisa que os estímulos sensoriais (informações) é todo o conteúdo que chega
à mente para ser processado e converter-se em pensamento. Os nossos sentidos – tato,
paladar, olfato, audição e visão – identificam as informações através dos gânglios e
nervos, que são percebidas na memória (hipocampo), e associadas com nossa
experiência. Depois as informações se juntam para formarem os pensamentos, que são
os estímulos realizados pelo tálamo.

O processo que envolve o caminho desempenhado pela informação na mente, gerando os
pensamentos, pode ser representado na TMH como o circuito de Papez, que relata a
chegada do estímulo sensorial no hipocampo (memória qualitativa) e amígdala (memória
emocional), passando pelo fórnix, corpo mamilar, em seguida a informação vai para o
tálamo, onde são estabelecidos os estímulos que exercem a vontade do ser humano
através do pensamento.

James Papez, em 1937, 4 propôs que o circuito constituído pelo giro do cíngulo–giro
parahipocampal–hipocampo–fórnix–corpo mamilar–núcleos anteriores do tálamo–giro do
cíngulo se constituísse no circuito básico das emoções, hipótese que veio a ser
ampliada por Paul MacLean, em 1949, ao propor o conceito de cérebro visceral. Com
essa proposição, MacLean defendia a idéia de que o cérebro visceral, constituído
pelo rinencéfalo (estruturas e áreas olfatórias e paraolfatórias, giro do cíngulo,
giro parahipocampal e hipocampo) fosse comum a todos os mamíferos e responsáveis
pelas funções básicas de comer, beber e de se reproduzir. 11

O circuito de Papez relata o caminho percorrido pela informação na mente. As
sensações são decodificadas no hipocampo e amígdala, em seguida segue pelo fórnix
até o corpo mamilar e depois para o tálamo, onde é processado o pensamento, que irá
estimular áreas cerebrais para realizar as funções que desejamos.

FIGURA B: Circuito de Papez. 5


A Teoria da mente humana (TMH) busca representar a base para formação do pensamento
humano. O processo cognitivo será explicado abordando algumas estruturas do Sistema
Límbico e suas funções.

Hipocampo e amígdala
A memória é a capacidade de identificar, associar e armazenar informações e/ou
mensagens, e evocá-las quando necessário. Este mecanismo é explicado pelas mudanças
bioquímicas nas sinapses, o que caracteriza a transição de informação e o
armazenamento da mesma. 23

O hipocampo é uma formação arquiencefálica muito desenvolvida nos seres humanos. A
formação hipocâmpica é formada pelo hipocampo, giro denteado, subiculum e os
rudimentos hipocâmpicos 5, sendo uma região do lobo temporal medial, responsável
pela recepção de projeções convergentes das estruturas corticais adjacentes, função
de memória declarativa, ou seja, memória concisa de fatos e eventos. 24

A TMH defende que o hipocampo é o local de decodificação das sensações e o
armazenamento da memória qualitativa se localiza no lobo temporal e occipital; a
amígdala é a memória emocional ou memória de recompensa, pois decodifica e armazena
no córtex pré-frontal as informações emocionais.

O hipocampo exerce funções relacionadas à memória 32, e também funções relacionadas
à tomada de decisões, pois quando interpreta um sinal neuronal como importante,
provavelmente essa informação será guardada na memória. 33
Indivíduos submetidos à remoção bilateral dos hipocampos conseguem acessar a memória
aprendida , mas não conseguem aprender uma informação nova. 33

O hipocampo decodifica a informação que está entrando na mente, e a amígdala
libera o conteúdo emocional referente à ação pretendida. Neste momento podemos ter
uma visão de uma imagem interior. Estas informações serão encaminhadas até o
tálamo, local que desenvolverá o pensamento (estímulos talâmicos) para fornecer
uma mensagem ao cérebro, que receberá estes impulsos nas áreas de cada função.
Ao mencionar: “Não pense em um elefante”. Esta ordem não poderá ser cumprida porque
esta imagem interior é formada quando a informação chega no hipocampo, que
decodifica de forma fragmentada, fazendo o leitor identificar em sua memória cada
palavra antes de formar um pensamento que dê sentido para a frase. Assim, o
hipocampo decodifica o que é “elefante”, mostrando suas características e sua
imagem. Tanto que, todas as informações serão primeiramente identificadas no
hipocampo e na amígdala para terem seu significado qualitativo e emocional.

O hipocampo é uma estrutura complexa que ocupa a porção medial do assoalho do corno
temporal, formando um arco ao redor do mesencéfalo. Anatomicamente, pode ser
dividido em cabeça, corpo e cauda. Está localizado na base do lobo temporal,
limita-se com a cisterna ambiens, continuando-se pelo úncus medialmente.
Inferiormente repousa sobre o giro para-hipocampal e lateralmente relaciona-se com a
fissura colateral e com o giro fusiforme. Denomina-se formação hipocampal o
subículo, o hipocampo (cornu ammonis), citoarquiteturalmente dividido em quatro
setores, e o giro denteado. O para-hipocampo repousa sobre as cisternas
subaracnóideas da base do encéfalo e sobre o tentório. 8

Existem várias fontes aferentes extrínsecas para a formação hipocâmpica, que ativam
e modulam o circuito intrínseco hipocampal e incluem várias áreas corticais, o
núcleo septal medial, núcleo da banda diagonal, núcleos talâmicos, núcleos
mesencefálicos da rafe e lócus coeruleus e o complexo amigdalóide. 5

Johnston, em 1923,10 demonstrou que a porção centromedial da amígdala se estende
posteriormente por meio de colunas de células neuronais dispostas ao longo de estria
terminal até o núcleo da estria terminal (bed nucleus of stria terminalis), que se
localiza na porção posterior do striatum e pallidum ventrais,16 em topografia
imediatamente inferior à cabeça do núcleo caudado. Em complementação a essa extensão
dorsal, de Olmos, em 1972,12,13 demonstrou existir também uma extensão ou componente
ventral da porção centromedial da amígdala, disposta sob o núcleo lentiforme e
posteriormente ao sistema estriado-palidal ventral, e que também termina no núcleo
da estria terminal. Dada a disposição semicircular da estria terminal, disposta
entre o núcleo caudado e o tálamo, e a disposição ântero-basal do componente
ventral, a amígdala centromedial passou a ser definida como um verdadeiro continuum
em forma de um anel disposto em torno da cápsula interna e do tálamo, e denominada
de amígdala estendida. 13, 14, 15

A amígdala estendida é, portanto, formada pela amígdala centromedial, pelo núcleo da
estria terminal e pelos corredores celulares dorsal (componente supracapsula, estria
terminal) e ventral (componente sublentiforme) que os unem. Assim como o striatum
ventral, a amígdala estendida recebe aferências principalmente das áreas
não-isocorticais do grande lobo límbico, incluindo a amígdala baso-lateral, e se
projeta basicamente sobre o hipotálamo. 14,17

Segundo a TMH o hipocampo e amígdala “trabalham” para decodificar a informação que
foi captada pelos nervos e gânglios de nosso corpo. O sistema septo-hipocampal
desempenha o papel de detectar e avaliar estímulos que nos chegam 7. Esta conexão
traduz o significado qualitativo e emocional envolvendo a informação.
Durante situações de estresse, o hipocampo pode sofrer modulação pelo complexo
amigdalóide. Esta estrutura subcortical do lobo temporal é fundamental na elaboração
de respostas emocionais frente a ameaças. Ela atribuiria significado (positivo ou
negativo) a novas experiências e modularia processos plásticos sediados no hipocampo
envolvidos com o processamento de informações, 25 especialmente durante situações de
estresse. 26, 27

A comunicação amígdala-hipocampo seria importante para a evocação e a expressão de
memórias relacionadas ao medo. 28 Defendendo esta hipótese, foi recentemente
demonstrado que células de ambas as estruturas, durante a evocação de uma resposta
condicionada de medo, disparam de forma sincronizada com uma freqüência (ritmo teta)
anteriormente relacionada à aquisição de memória aversiva e resposta do hipocampo a
eventos significantes ou ameaçadores. 28, 29

O hipocampo decodifica a informação para que saibamos seu significado qualitativo, o
conceito para o respectivo conteúdo na memória.

A amígdala decodifica a informação conforme sua reação hormonal, sendo uma interface
entre as sensações e as emoções 7. Este processo é desenvolvido pelas regras
sociais, que nos estimulam desde cedo nossa recompensa para cada atitude, formando
nossa memória emocional através dos hormônios.

A memória é susceptível às influências endógena, hormonal e neuro-humoral
especialmente logo após a aquisição da informação. A amígdala, o septo medial, o
hipocampo e o córtex entorrinal estão envolvidos nos processos de consolidação,
armazenamento e evocação. A resposta ao problema dos mecanismos de armazenamento
pode encontrar-se tanto pelo caminho da potenciação de longa duração como pelo das
redes neurais, através de uma interação complementar. A modulação da memória enfoca
a atenção na análise das condições sob as quais a consolidação da memória pode ser
alterada. Uma informação adquirida em determinado contexto neuro-humoral será melhor
evocada se durante o processo de evocação o contexto neuro-humoral for similar ao do
momento da aquisição, caracterizando a existência de uma “dependência de estado”. 9

A amígdala e o hipotálamo medial podem funcionar como uma espécie de interface
comutando os estímulos para os substratos neurais apropriados para elaboração das
respostas defensivas condicionadas ou incondicionadas. 6

Para a Teoria da Mente Humana (TMH) as informações sensoriais são decodificadas no
hipocampo, onde são armazenadas no lobo temporal e occipital.

A amígdala decodifica as informações emocionais e as armazenam na área pré-frontal,
formando nosso conhecimento emocional. Além de estar relacionada com nosso
aprendizado e ao armazenamento de memórias afetivas, a amígdala é responsável pela
formação da associação entre estímulos e recompensas. 31

Existem na memória as informações inconscientes e conscientes. As inconscientes são,
geralmente, aquelas que são desencadeadas através da memória perante um estímulo,
que ativa as áreas talâmicas que desenvolvem uma reação inconsciente. Em geral, este
fato acontece mediante um estímulo (informação) que libera na memória fatos com
conteúdo emocionais, onde o hipotálamo estimula áreas talâmicas, promovendo uma
reação inconsciente, como no caso do medo, conflito, exercendo a esquiva e a fuga.

O pensamento inconsciente são informações que já têm uma “mensagem pronta” na
memória, o que é chamado de pensamento padrão. O ato de chorar quando se sente dor é
um pensamento padrão herdado geneticamente. Outros poderão ser desenvolvidos durante
a vida: os hábitos, traumas, vícios, neuroses, psicoses. As reações à dor, fuga de
algo perigoso, momentos de conflito, são processos que envolvem a amígdala e o
córtex pré-frontal – lugar que armazena as informações de regras sociais – e este
conteúdo hormonal é liberado quando passamos por situações que a mente já tem uma
resposta mecânica para o ato, formando o pensamento inconsciente.

A possibilidade de existência de processos emocionais inconscientes implica em uma
desvinculação relativa entre teoria da consciência e teoria das emoções: enquanto os
processos conscientes, segundo Damásio (1996), sempre seriam acompanhadas de
emoções, seria possível haver emoções não acompanhadas de consciência. 16

A base da nossa memória é formada pelas informações inconscientes (o conteúdo
genético, o desenvolvimento de nossas fases hormonais e os fatos marcantes de nossas
vidas), o que caracteriza no ser humano uma série de reflexos inconscientes que
poderão diminuir sua capacidade de inteligência. A Teoria da Mente Humana (TMH),
como método de psicanálise, tem como função tornar consciente o processo
inconsciente, possibilitando o autoconhecimento e o equilíbrio mental, o que permite
realizar atitudes conscientes que evolua o ser humano. Em geral, os transtornos
mentais são formados pelas informações inconscientes, que liberam processos
desorganizados, que resultam em atitudes desequilibradas.

As informações conscientes são aqueles dados da memória que temos capacidade de
identificá-los na mente, o que possibilita uma reação formulada pela inteligência do
ser humano.

Tálamo
A TMH acredita que o tálamo seja o local onde é formado o pensamento humano através
de estímulos de suas áreas, gerando impulsos para as respectivas áreas funcionais do
cérebro. As informações que foram decodificadas na memória passarão pelo fórnix,
corpo mamilar, e então, chegarão ao tálamo, local que formará o pensamento
(estímulos talâmicos). O tálamo também é responsável por receber do cérebro os
comandos para serem efetuadas as reações externas e internas.

A conexão entre a mente e o cérebro é feita pelo tálamo, o que permite um
desenvolvimento cerebral de nossas capacidades perante nossos pensamentos. Quando
começamos a armazenar as informações e produzí-las para serem aperfeiçoadas,
desenvolvemos cada vez mais estas conexões mentais, que são executadas com mais
coordenação e rapidez.

Na TMH, o pensamento consciente e inconsciente pode ser lógico e/ou imaginativo.
Estas funções da mente, basicamente situadas no hipocampo, mas processadas no
tálamo, permitem que as pessoas possam desenvolver as informações mnemônicas,
podendo mudar e criar os pensamentos de uma forma que satisfaça e desenvolva seu
cérebro para permitir terem respostas que busquem satisfazer suas necessidades.

O modo como reagimos ao meio interno e externo permite desenvolvermos nossa memória.
É através dos pensamentos que expressamos nossa vontade, o desejo de agir para
garantir nossa evolução.

Glândula Pineal
A Pineal é uma pequena glândula endócrina localizada perto do centro do cérebro,
entre os dois hemisférios, acima do aqueduto de Sylvius e abaixo do bordelete do
corpo caloso, na parte anterior e superior dos tubérculos quadrigêmeos e na parte
posterior do ventrículo médio. Esta presa por diversos pedúnculos. É uma glândula
cinza-avermelhada, com aproximadamente 8mm nos seres humanos, localizada entre os
corpos talâmicos. Das estruturas neurais, a mais importante é a célula secretora, o
pinealócito, que sintetiza e secreta melatonina a partir da serotonina. Sugere que
esse hormônio iniba outras glândulas endócrinas e participe da regulação de ciclos
circadianos. 5

Tem sido estudada a relação da pineal com o sistema imunológico, já que, a
melatonina influência o sistema imune através de mediadores – opióides endógenos,
citocinas, hormônios – bem como pela interação direta com células do sistema
imunológico, que é capaz de modular o funcionamento do corpo pineal. A melatonina
agiria como removedora de radicais livres e agente antineoplásico. 5

A localização da glândula pineal é um ponto importante para a compreensão do papel
preponderante que ela ocupa na fisiologia mecanicista cartesiana. Situada no centro
do cérebro (Donatelli, 1999). 22

O estudo da estrutura do cérebro é fundamental para Descartes, uma vez que em seu
interior está situada “a sede do senso comum”, isto é, do pensamento, e, por
conseqüência, da alma, como ele afirma em carta a Mersenne de 24 de dezembro de
1640. Essa sede é identificada à glândula pineal (conarium): assim, essa glândula
atuaria na intermediação entre as informações vindas do corpo e a alma, provocando
as reações adequadas às situações, às quais cada uma dessas reações remete. Essa
identificação da glândula pineal com a sede do senso comum está ligada a um assunto
muito em voga nos tratados médicos da época: a localização das faculdades mentais
num centro único do cérebro. 22

Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, Diretor Clínico do Pineal-Mind Instituto de Saúde de
São Paulo, afirma que “devemos lembrar que a Pineal é uma glândula endócrina, e sua
a comunicação com o organismo é feita pelo sistema circulatório, através dos
hormônios. É sabido que no cérebro as áreas mais vascularizadas estão ligadas às
áreas de mais funcionamento neuronal. Ao observarmos a riquíssima rede circulatória
da Glândula Pineal humana podemos inferir alto grau de função. Entre outros motivos,
esse fato nos faz pensar que a Glândula Pineal em humanos não é meramente um órgão
vestigial, mas uma importante estrutura da anatomia e fisiologia do cérebro”.

A melatonina (5-metoxi-N-acetiltriptamina) é um hormônio indolamínico sintetizado a
partir do triptofano e que se transforma em serotonina. A concentração de triptofano
na pineal é bastante elevada, sendo captada da circulação, provavelmente, por um
sistema de transporte de aminoácidos neutros, de modo semelhante ao que ocorre no
sistema nervoso central. A quantidade de serotonina presente na glândula pineal é
maior que em qualquer outro tecido corpóreo. A concentração de serotonina na
glândula apresenta uma variação circadiana típica, alta durante o dia e
acentuadamente baixa no início da noite, coincidindo com o aumento da síntese de
melatonina. É possível que a serotonina tenha alguma função na própria pineal,
regulando a liberação de noradrenalina dos terminais adrenérgicos ou facilitando a
liberação de melatonina. 18 Vários outros neurotransmissores, neuromoduladores e
hormônios podem modular a síntese de melatonina: dopamina, acetilcolina, adenosina,
prostaglandinas, AMPc, ATP, neuropeptídeo Y, GABA, peptideo intestinal vasoativo,
peptideo indutor de sono delta, pteridinas, entre outros.19

Na maior parte dos mamíferos os receptores de alta afinidade são encontrados no
Sistema Nervoso Central (SNC), sendo provável que eles medeiem os efeitos
circadianos da melatonina. Já foram encontrados receptores na área pré-óptica,
córtex cerebral e tálamo de vários mamíferos, que podem mediar os efeitos hipnóticos
deste hormônio. 19

Os receptores encontrados na retina e coliculo superior estão implicados na
regulação da função visual. Também já foram encontrados receptores de alta afinidade
na pars tuberalis da hipófise, um local envolvido na regulação fotoperiódica da
prolactina. 20

Os níveis circulantes de melatonina podem ser alterados por vários fatores, sendo
que o mais importante é o ciclo claro-escuro ambiental. A produção de melatonina
pela glândula pineal aumenta muito durante a noite e, prolongando-se o período de
escuro, observa-se um aumento proporcional dos níveis noturnos de melatonina. 21

A Teoria da Mente Humana (TMH) acredita que a atuação da glândula Pineal é realizada
pela liberação dos hormônios: noradrenérgicos, dopaminérgicos, serotoninérgicos. São
vias que regulam a percepção, atenção, a ansiedade, o estresse, a excitação e a
depressão; hormônios que podem estimular áreas da memória para ativar mecanismos
conscientes ou inconscientes, alterar a atividade dos órgãos do corpo e formular
pensamentos.

Conclusão
A Teoria da Mente Humana (TMH) é um estudo que aborda o caminho percorrido pelo
autor Pablo Casso para a descoberta do processo cognitivo do ser humano. A pesquisa
contém suas anotações pessoais, os textos que lhe ajudaram em suas conclusões,
revelando a estrutura da mente humana, a formação do pensamento, os comportamentos
humanos e suas conseqüências.
Para o autor da TMH a mente é um órgão do cérebro. Um centro organizacional de
nossas informações que se traduzem em pensamentos, desenvolvendo o comportamento e a
personalidade, o conceito para cada conteúdo e os valores que damos a eles em nossa
memória.

A TMH acredita que as patologias mentais são resultantes do desequilíbrio entre os
hormônios noradrenérgicos, dopaminérgicos, serotoninérgicos, e que o equilíbrio é
possível através do Amor. Como método psicanalítico, a teoria busca explicar o
conteúdo mental das pessoas para contribuir com a formação de seus pensamentos e
comportamentos, além de interagir com outras áreas de saúde para fornecer ao
paciente um equilíbrio mental e fisiológico.

Espero que este texto tenha explicado as noções básicas da Teoria da Mente Humana
(TMH), para que as pessoas possam identificar a formação do pensamento e realizarem
atitudes que contribuam para a evolução de um Universo em equilíbrio, e um mundo
mais digno e justo para todos.

“A sabedoria leva à conclusão que o Amor é a Salvação”. Pablo Casso

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