ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL

LEOMÁRIA MENDES SOBRINHO*

FOME

Corro e tento alcançar
-Não consigo!
Há obstáculos em meu andar.
Busco comida e me saciar
-É um delírio!
Eu queria dessa realidade acordar

Sentimento de revolta
Vazio na alma
Movimento de revira-volta
Estômago que o alimento acalma

Torso os meus ossos de dor
Minha cabeça dói de preocupação
A boca pede um sabor,
Um paladar, uma degustação

Sêca de amargura, minha língua está
A vista fica escura
Tenho até tontura
E vontade de vomitar

É um corpo frágil abstinente
De energia vital ou é semente
Sem terra, água e luz, reagentes
Para a vida são estimulantes

Não tenho mais forças para me levantar
As pernas estão fracas só querem sentar
Troco o raciocínio esqueço a razão
Tudo por um pedaço de pão.

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*LEOMÁRIA MENDES SOBRINHO ocupa Cadeira Vitalícia na Academia de Letras do Brasil.