ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL
CENTRO DE FORMAÇÃO SUPERIOR IBERO-AMERICANO
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LITERATURA NO
BRASIL
1500 à 2008
Parte I
Prof. Dr. Mário Carabajal* - Ph.D.
As primeiras academias de letras no Brasil
foram:
Academia Brasílica dos Esquecidos, fundada em 1724;
Academia dos Seletos, fundada em 1752;
Academia Brasílica dos Renascidos, fundada em 1759.
Os escritores brasileiros, através das academias, objetivavam encontrar uma
vertente literária própria, com identidade fixada na realidade dos problemas e
da vida na América portuguesa.
As academias reuniam a elite culta da época, discutindo meios, soluções e
perspectivas à evolução social, econômica, a partir do profundo conhecimento
das múltiplas tendências segmentárias influenciadas pelas culturas dos nossos
colonizadores.
CRONOLOGIA EVOLUCIONAL DA LITERATURA NO
BRASIL
Século XVI
Os primeiros registros de atividade escrita no Brasil não são obras
literárias, e sim textos informativos sobre a "nova terra".
São crônicas históricas como a Carta ao Rei Dom Manuel, de Pero Vaz de Caminha:
o Tratado da Terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a Que Vulgarmente
Chamamos Brasil, de Pero Magalhães Gândavo; o Tratado descritivo do Brasil,
de Gabriel Soares de Sousa; e o Diálogo sobre a Conversão dos Gentios, composto
entre 1556 e 1558 pelo padre Manoel da Nóbrega. Destacam-se também o teatro
e os poemas do padre José de Anchieta.
Século XVII
Sob a influência da Contra-Reforma, a estética barroca tenta
conciliar opostos, como Deus e o Diabo, bem e mal, carne e espírito, pecado e
arrependimento. Na literatura, o conflito se traduz em figuras de oposição,
bem como no exagero e no estilo sinuoso. Esse movimento corresponde ao nascimento
da literatura brasileira. O marco inicial é o poema épico
Prosopopéia(1601), de Bento Teixeira. Mas é Gregório de Matos o
maior representante do gênero. Sua poesia, bastante influenciada por Camões,
Gôngora e Quevedo, se subdivide em lírica amorosa, reflexiva e religiosa. No
gênero satírico, Gregório de Matos não poupa ninguém de suas críticas,
ficando por isto conhecido como "Boca do Inferno'. Na prosa, destacam-se os
sermões do padre Antonio Vieira(Sermão de Santo Antonio ou dos Peixes).
Século XVIII
O neoclassicismo se coloca contra os excessos formais do barroco
e tenta retomar os valores desenvolvidos no classicismo. Reflete a aversão do
espírito iluminista ao obscurantismo religioso do século anterior. Já o termo
arcadismo, também atribuído a esse movimento literário, se deve ao bucolismo
e ao pastoralismo de muitos poetas do período, que adotavam pseudônimos de pastores
para assinar seus poemas. O marco do arcadismo no Brasil é a publicação, 1768,
de Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. Influenciado pelo
iluminismo, ele participa da Inconfidência Mineira ao lado dos poetas Silva
Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga. Este, além de Iras, reunidas
em Marília de Dirceu, escreve também poesia satírica, como Cartas Chilenas.
No gênero épico destacam-se José Basílio da Gama (O Uruguai) e frei José de
Santa Rita Durão(Caramuru). Nessa época, academias literárias reúnem
escritores e intelectuais.
Século XIX
A saturação dos modelos neoclássicos e a necessidade de uma literatura que
expresse o país independente resultam no florescimento do romantismo.
O marco inicial do movimento é a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades,
de Gonçalves de Magalhães, em 1836. O ideal romântico do nacionalismo é expresso
pelos indianistas, dos quais se destaca o poeta Gonçalves Dias (Primeiros Cantos).
O individualismo é representado pela geração ultra-romântica- Casimiro de Abreu,
Junqueira Freire, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo-, influenciada pelo poeta
inglês Lord Byron. O principal nome da poesia condoreira, que se caracteriza
pela grandiloqüência e pelo uso de antíteses e hipérboles, é Castro Alves (Espumas
Flutuantes), conhecido como o poeta dos escravos. Considerado o fundador do
romance nacional, José de Alencar é o autor de narrativas indianistas (O Guarani),
históricas (As Minas de Prata), urbanas (Lucíola) e regionalistas (O Gaúcho).
Século XX(segunda metade)
O esgotamento da literatura romântica, que se alimentava de uma visão idealizadora
da realidade, conduz à consagração do realismo. Influenciado por um cientificismo
em voga na época , o movimento busca a descrição objetiva da realidade. O maior
escritor do período é Machado de Assis. Sua carreira costuma ser dividida em
fase de aprendizagem, na qual existem resquícios do romantismo, como nos romances
Ressurreição, A Mão e a Luva e Helena; e fase de maturidade, em que desenvolve
o realismo de penetração psicológica, como em Memórias Póstumas de Brás Cubas,
Quincas Borba e Dom Casmurro.
* O naturalismo é mais radical, pois considera o homem fruto do
meio em que vive e leva a observação ao nível da minúcia, em sua ânsia de descrever
cientificamente a realidade. O principal representante dessa tendência no Brasil
é Aluísio de Azevedo, autor de O Mulato e O Cortiço. Raul Pompéia cria em O
Ateneu um estilo híbrido, realista com traços naturalistas, incorporando também
elementos vagos e sugestivos, característicos do impressionismo, e a descrição
grosseira e caricatural do expressionismo.
* Ao mesmo tempo que o realismo é a principal tendência da prosa, surgem duas
correntes na poesia: o parnasianismo e o simbolismo. O parnasianismo
propõe o ideal da arte pela arte, criando uma poesia descritiva, em que
sobressaem o rigor formal e o gosto por temas clássicos. No Brasil, o movimento
ganha a cena literária a partir da década de 1880 e nela permanece até o começo
do século XX. Seus maiores expoentes são Alberto de Oliveira (Meridionais),
Raimundo Correia (Sinfonias) e Olavo Bilac (Poesias). O simbolismo tem
início com a publicação , 1893, de Missa. (poemas em prosa) e de Broquéis de
Cruz e Souza. O movimento preocupa-se não em descrever objetivamente, mas em
sugerir. Por isso seus poemas parecem vagos, feitos de imagens que se originam
no sonho, na intuição, nas camadas mais profundas do inconsciente. Os versos
possuem grande musicalidade. Outro poeta simbolista de destaque é Alphonsus
de Guimaraens (Dona Mística).
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* Presidente Fundador do
Conalb - Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil e ALB
- 23 livros publicados e trinta em fase de revisão. Jornalista, Educador
Físico e Psicanalista. Especialista em Pesquisa Científica, Tecnologia
Educacional e Psicossomatologia. Mestre em Psicanálise Clínica
e Doutor em Psiconeurofisiologia. Estudante
de Especialização em Controle da Gestão Pública/Ufsc
e de Neurociências/Edumed/RJ. Estudante
de Mestrado e Doutorado em Relações Internacionais/UAA. Professor
de Pós-Graduação da Universidade Gama Filho.