CONFERÊNCIA PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

MEUS PROCESSOS CRIATIVOS NA PINTURA E NA POESIA

(Obs.: a conferência foi lida em espanhol) - Notícias e fotos.

Meu nome é Andréia Aparecida Silva Donadon Leal, de nome artístico Déia Leal. Nasci
em Itabira- MG, cresci em Santa Bárbara- MG e atualmente vivo na cidade histórica de
Mariana – Minas Gerais – Brasil. Passei boa parte da infância na cidade de Itabira.
Lembro que levei uma repreensão dos meus pais, porque pintei parte da parede do
quarto com desenhos de casinhas e portais. Pegava batom e pedaços de giz de cera ou
pedaços de giz colorido das professoras para desenhar. Pintei também parte do muro e
paredes da escola, depois tive que limpar para aprender a não rabiscar as paredes de
estabelecimentos públicos e das casas.. Esse foi meu primeiro contato com a pintura:
na escola. Depois com a professora de educação artista, irmã Juliana, aos 11 anos de
idade, com inúmeras aulas gratuitas em seu ateliê aos sábados. Outras aulas na Casa
de Cultura de Santa Bárbara, depois com os artistas plásticos: Camilo Leal e Mário
Donadon. Artistas que fazem parte de um grupo que se chama Aldravismo – corrente que divulga artes
visuais e literatura no estado de Minas Gerais.

Minha primeira participação em certame de artes plásticas foi no Concurso
Internacional de Artes Plásticas “Compositor Antonio Gualda”, promovido pela
Associação Cultural “Valentin Ruiz Aznar” no ano de 2006, e obtive o 3° prêmio. Daí
começou a ampliação do processo e criações artísticas que se aprimora com o curso de
Pós-graduação em Artes Visuais na cidade de Belo Horizonte – capital de Minas
Gerais. Fiz também ilustrações de histórias de livros infantis sobre o Meio Ambiente
e história das estrelas. Realizo um trabalho voluntário no processo de incentivo a
leitura e produção literária com crianças de escolas públicas.

Tenho os seguintes livros publicados: Cenário Noturno (poesias), Nas Sendas de Bashô (haicais) e em
fase de diagramação: Contos: Flora, amor e demência e para ser lançado “Cacos de
Luz” (infanto-juvenil).

Desenvolvi uma técnica de produção artística que toma por base a apresentação de
pequenas porções de uma paisagem. Para representar um jardim, não é preciso pintar
um jardim inteiro, com suas passarelas e seus canteiros; basta apresentar uma flor
em um espaço que chamarei de jardim. Para representar o lugar onde moro, Minas
Gerais, que fica na região sudeste do Brasil, que é uma província (Estado), onde se
desenvolve a atividade de mineração de ferro, ouro, bauxita e onde há muitas
cavernas naturais, basta eu apresentar a abertura na terra, ou entrada de minas ou
de cavernas. Esse processo de produção artística é o processo metonímico. Cada
pedacinho é uma metonímia do conjunto, uma porção, uma representação. É esse olhar
parcial, de pedaços que representam os conjuntos, que eu chamo de aldravismo – uma
forma de fazer arte e poesia com metonímias. O nome aldravismo vem de aldrava, um
pêndulo de ferro preso nas portas, com o qual se bate nas portas para chamar quem está
dentro da casa para abri-la. As aldravas eram usadas nas casas antigas de Minas Gerais.
Por analogia, um grupo de poetas de Minas Gerais utilizou-se desse nome (aldrava) para representar
a poesia que bate nas portas da imaginação – com um pequeno utensílio preso à porta (uma
metonímia de porta) é possível abrir uma porta.

Além disso, como decidi fazer uma arte em que não é preciso representar as paisagens
tal como elas aparecem na natureza, apresento nas telas suas lembranças; não preciso
também desenhá-las, como se fossem fotografias. Por isso, minha arte também não tem
desenhos. Eu pinto fazendo manchas que lembram essas porções (minas, cavernas,
pessoas) que representam paisagens completas.

Aproveitei minha experiência de ilustradora de trabalhos escolares e desenvolvi
minha técnica de esboçar imagens apenas com manchas, sem que tenha a necessidade de
traçar contornos. Assim a imagem sugerida passa a fazer parte do conjunto,
integra-se à paisagem global e provoca a imagem desse conjunto. Minha temática
recorrente é a representação de manchas dos conteúdos emaranhados do continente
mineiro ou vice-versa e perfurações no solo em ordenação de jogos de profundidade
com perspectivas sobrepostas e aberturas para esconderijos ou fugas sob teias
emaranhadas. A composição resulta em imagens sobre telas em acrílica e óleo com
algumas intervenções de cordas, numa insinuação de temas em movimentos até que
narrativas surjam da explosão de cores na instauração de possibilidades de
significação e de sentido.

A tela Revolta da Mata é um exemplo disso. Um trecho de floresta é apresentado, sem
definição de um espaço específico, mas esboçando uma floresta machucada, ferida. Os
pontos vermelhos e escuros da tela representam essas feridas. A revolta – o conceito
básico e gerador dos conceitos possíveis dele derivados – explode nas metonímias das
cores: vermelho que se derrama em claras manchas de sangue e negro que se sobrepõe
como eras que buscam cobrir a floresta ferida. Ambas as ações sufocam a floresta: a
ação mineradora é devastadora e põe agonizante a mata; as heras igualmente sufocam
as árvores em sua ação parasitária, numa espécie de suicídio em razão da impotência
ante a ação homicida da mineração. A obra Revolta da Mata pertence a uma coleção
intitulada Emaranhaminas, essa tela revela a agonia da mata mineira carcomida pela
exploração humana, especialmente pela ação mineradora.

O tema é atual e visível na região mineira, entre Itabira, Santa Bárbara e Mariana.

O tema é universal, uma vez que a preocupação com a preservação da natureza e o
combate ao efeito estufa é cada vez mais presente nas ações educativas de todos os
povos e dialoga com os discursos preservacionistas. A Revolta da Mata é um grito de
alerta, é uma oração de súplica, ao mesmo tempo em que se faz réquiem à floresta
martirizada.

Contrário a todas as tendências extrativistas o verde ainda resiste vivo e respira,
desejando sobreviver, como faz grande parte das espécies nativas desse semi-serrado
que agoniza no inverno prolongado sem chuvas para rebrotar na primavera.

Na poesia apresento alguns roteiros visuais para uma abordagem do meu mundo, do meu
olhar. Privilegio mais os olhos que observam imagens que muitas pessoas não vêm mais
por causa do automatismo e da correria da vida diária. Gosto de me aventurar e
caminhar pelas imagens para escrever poesia, contos e crônicas. Minha paixão pelo
cenário noturno é algo encarnado no processo de criação, construção e invenção de
minhas idéias no limiar da imaginação poética e plástica. Falar de poesia não é
tarefa fácil, ao contrário de ler, pois nem sempre ela é construída pautada pela
lógica da prosa e nunca vamos agradar a todos os leitores e espectadores. Cenário
Noturno é um cenário de letras na escura noite do sentido, no qual navego ou me
lanço nos palcos da insônia, desejo, medo, razão, loucura, passando por caminhos e
trilhas num universo temporal e universal. No início do livro, uma sensação de
estranhamento ocorrerá por parte do leitor, por certas associações inesperadas.
O caminho da leitura vai revelando atalhos que se consolidam por meio de imagens inesperadas
quanto às primeiras associações. Minha poesia tem um ritmo próprio, quase falado. É uma poesia para ser
declamada como se tivesse conversando com alguém, ou contendo uma narrativa, uma
história, às vezes triste, às vezes uma aula, às vezes um conselho bom.

Andréia Aparecida Silva Donadon Leal - Déia Leal


Diretora do Jornal Aldrava Cultural
Governadora do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais-MG
Membro da Academia de Letras do Rio de Janeiro - CM e da AVSPE
Membro da Academia Cachoeirense de Letras
Membro da Academia Maceioense de Letras
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
Presidente da Academia de Letras do Brasil em Mariana
Embaixadora Universal da Paz do Círculo Universal dos Embaixadores da Paz - Genebra, Suíça.
(31) 8893-3779
(31) 8431-4648
http://www.jornalaldrava.com.br/pag_deia_leal_plan.htm
http://www.jornalaldrava.com.br/pag_contos_andreia_donadon.htm
http://www.jornalaldrava.com.br/pag_poesia_andreia.htm
http://www.jornalaldrava.com.br/projeto_haikai.htm